Lenine
Se na cabeça do homem tem um porão
Onde moram o instinto e a repressão
(diz aí)
O que é que tem no sótão?
Permanentemente, preso ao presente
O homem na redoma de vidro
Em raros instantes
De alívio e deleite
Ele descobre o véu
Que esconde o desconhecido, o desconhecido
Como uma tomada à distância
Numa grande angular
É como se nunca tivesse existido dúvida
Existido dúvida
Evidentemente a mente é como um baú
O homem é quem decide
O que nele guardar
Mas a razão prevalece
Impõe seus limites
E ele se permite esquecer de lembrar
Esquecer de lembrar
É como se passasse a vida inteira
Eternizando a miragem
É como o capuz negro
Que cega o falcão selvagem
O falcão selvagem
Se na cabeça do homem tem um porão
Onde moram o instinto e a repressão
(diz aí)
O que é que tem no sótão?
Foto:banho de Fernando gião
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