28 de ago. de 2011

EU, etiqueta




Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

Foto: Não sei o autor (encontrei no google)

14 de ago. de 2011

Mia Couto


"A gente precisa do viver para descansar dos sonhos."


Foto: Colorfull Meara by pepapigo

De quando desisti e caí na vida


Ana Elisa Ribeiro


Não quero mais aguardá-lo.
Guardá-lo com honras de único rei
Não vou mais dizer loas
Mandar notas
Não quero fazê-lo verso
Este é o último
E primeiro.
Príncipe imaginário
Não quero vivê-lo
Imagem: http://melllove.tumblr.com/page/9

10 de ago. de 2011

Alexandre Chase




"Para ficar jovem é preciso mudar”


Foto; __by_mamabakasi-d3j5pdt

Cazuza




"Se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados...
Porque o tempo, o tempo não pára!!!"

Foto: __by_jzah-d42gbei

2 de ago. de 2011

Clarice Lispector





Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado:
pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.



Foto: esmeralda_in_cage_by_floratasartir-d42e0so

Gilberto Gil


"Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já me joguei no mundo"


Foto: over_there_by_marionb_photos-d42gbyz


George Bernard Shaw


‎"Cuidado com gente que não devolve os ataques que você lhe fez:
nem ele perdoa, nem permite que você se perdoe."


Foto: secret_by_gewoonanne-d42dfwa

Cazuza



"Você está vivo.
Esse é o seu espetáculo.
Só quem se mostra se encontra.
Por mais que se perca no caminho."


Foto: De Jose Luis Mendes

1 de ago. de 2011

Caio Fernando Abreu


‎"Não choro minhas perdas, nem temo a inveja e o olho gordo que me rodeiam.
Sou de Deus, quem não é que se cuide!'



Foto: alice_in_by_alkazz-d42dmrw
Related Posts with Thumbnails