4 de mai. de 2009

Para poder morrer

Hilda Hilst
Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.

Porque assim é preciso

Para que tu vivas.


Foto: Ribeira negra de Pedro Moreira
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