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23 de set. de 2010

Se Puder Sem Medo

Oswaldo Montenegro



Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
 
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava




Foto: I_love_you_forever_by_MaoMisa

7 de ago. de 2010

E de Agora Em Diante

 Oswaldo Montenegro

E de agora em diante teria sido decretado o amor sem problemas
E seriam vitrines nos olhos, e as almas vagariam sem medo
E de agora em diante seria pra sempre o que pra sempre acabara
E seria tão puro o desejo dos homens,
Que dionisio enlaçaria a virgem com braços enternecidos
E aplaudiríamos, calmos e frenéticos como um são francisco febril
E de agora em diante pra trás não haveria
Não mais a virtude dos fortes, mas o mérito dos suaves
O homem feminino e a mulher guerreira
O amor comunitário, sem ciúmes.
Dariam as mãos as moças que amo e brincariam de roda em volta de minha preferida
E um artesão criança esculpiria flores nos cabelos e um sorriso sincero no rosto
E de agora em diante mahatma ghandi tava vivo pra sempre e jesus era hippie,
Beethoven era roqueiro e lenon era como nós
E se não desse certo, de agora em diante, ao menos teríamos tentando.







Ao som de Johnny Cash - (Hurt)

Foto: Não sei a fonte

Eu No Sol

Composição: Jane Duboc e Oswaldo Montenegro


será que ainda não é claro
tudo que eu preciso ser?
como voa a gaivota quero ser
como o vento, ser
não é meu primeiro sonho
mais de mil você desfez
olha a nossa roupa velha
no varal e eu no sol!





Ao som de George Michael (Careless Whisper)
Foto: ___With_Arms_Wide_Open____by_Zugo

2 de fev. de 2008

Metade


Osvaldo Montenegro


Que a força do medo que tenho,
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito,
Não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda,
Ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada,
Mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
E a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas
Como uma prece, nem repetidas com fervor.
Apenas sejam respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem
Inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço,
Mas a outra metade é o que eu calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro,
Seja uma dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso
E a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste,
Que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso
Que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui,
E a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais
Do que uma simples alegria
Para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo,
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
Mesmo que ela não saiba,
E que ninguém a tente complicar,
Porque é preciso simplicidade
Para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia
E a outra metade, a canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é AMOR
E a outra metade...TAMBÉM!

Foto: plastic wind de Diaarte
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