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1 de mai. de 2008

Não te Chamo

Sophia de Mello Breyner Andresen

Não te chamo para te conhecer
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento

Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser


Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite


Foto: Do Céu desceram à Terra. Eu... queria chegar Lá! de Fátima Silveira

23 de mar. de 2008

Porque


* Sophia de Mello Breyner Andresen

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
* In Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79 )
Foto: Gnomo Amarelo de alexandre NT
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