2 de out. de 2007

A um Otimista

Augusto de Lima

Pensas que são inteiramente nossos
nossos corpos de argila? Não no creias.
Para reter a vida, em vão anseias:
dela não guardarás sequer destroços.

Não tens, fingido herdeiro de colossos,
destinado a guardar coisas alheias,
nem o sangue que corre em tuas veias,
nem a sutil medula de teus ossos.

Uma voz noutra voz reproduzida,
reproduzindo antiga voz perdida,
o eco responde à voz — eco também...

Ris-te da sombra que refletes?
Ri-setambém de ti a sombra: — quem te disse
que não és — olha atrás! — sombra de alguém?
Foto: Liberal Natural de Alberto Calheiros

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