17 de jun. de 2011

Lábios que não se abrem, lábios


Henriqueta Lisboa,


Lábios que não se abrem, lábios
com seu segredo
calado

Segredo no ermo da noite
resiste à rosa dos ventos
calado.

Flauta sem a vibração
do sopro.
Luar e espelho, frente a frente,
em calada
vigília.

Fria espada unida
ao corpo.

Resto de lágrimas sobre
lábios
calados.

Borboleta da morte
em sorvo
pousada à flor dos lábios
calados
calados.



 
Publicado: A Face Lívida (1945)
Foto: Secret_angel_by_salgada

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