
Ariano Suassuna
Com tema de Augusto dos Anjos
 Sobre essa estrada ilumineira e parda
   dorme o Lajedo ao sol, como uma Cobra.
   Tua nudez na minha se desdobra
   — ó Corça branca, ó ruiva Leoparda.
O Anjo sopra a corneta e se retarda:
   seu Cinzel corta a pedra e o Porco sobra.
   Ao toque do Divino, o bronze dobra,
   enquanto assolo os peitos da javarda.
Vê: um dia, a bigorna desses Paços
   cortará, no martelo de seus aços,
   e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.
E a Morte, em trajos pretos e amarelos,
   brandirá, contra nós, doidos Cutelos
   e as Asas rubras dos Dragões antigos.
Fonte: www.revista.agulha.nom.br
Foto: Midnight_by_Marisilme
